[arquiteturas do acolhimento]

O grupo de professores composto por Fernando Fuão, Celma Paese, Marcelo Gotuzzo e Ana Vieceli instigou estudantes a se questionarem sobre o papel da arquitetura e da Natureza, arte e acolhimento: o tema do semestre ocorre num lindo cenário natural onde desenvolvem-se hospedagem e atividades de ensino, produção e exposição em arte. Um sonho que vem sendo concretizado pela artista plástica Cláudia Sperb. A artista acolheu de forma afetuosa o grupo acadêmico em Morro Reuter, onde localiza-se o Parque das Serpentes. Apos esta primeira visita, os estudantes retornaram várias vezes ao local na busca dos dados para o desenvolvimento dos projetos. Cláudia, por sua vez, participou de forma ativa durante o semestre no atelier da Faculdade, ministrando algumas aulas de arte, bem como acompanhando o desenvolvimento dos trabalhos.

Este vínculo estabelecido entre a artista e os estudantes foi extremamente positivo. Insistimos na importancia do levantamento, demore o que demore na colheita de informacoes, na investigacao de forma exaustiva de pontos que muitas vezes passam desapercebidos pelos profissionais da arquitetura. Entre o papel branco e os primeiros traços criativos do lápis, há um universo a ser desvelado. O arquiteto deve empenhar-se por ser “mais humano”, deve fazer uma reflexão sobre si próprio e sobre o mundo, compreendendo mais a Natureza e as relações que o homem e a arquitetura podem estabelecer com Ela.

Portanto foi exigido um levantamento extensivo do sitio, que desafiou o grupo de 3o semestre da Faculdade de Arquitetura da UFRGS. A Lua, o Sol, ventos, relevo, mapas, vegetação, os sons, os caminhos, as pegadas, sentimentos, acolhimentos... nada importante poderia escapar aos olhos. Este grão de observação e de sensibilidade requerido, mais delicado em relação aos padrões “comerciais” da arquitetura convencional, cumpriu seu objetivo: A impecável representação do local existente, compreendendo uma leitura atenta em níveis diversos, foi o retorno positivo que o grupo de estudantes ofereceu a esta grande empreitada inicial.

Morro reuter, pelo lindo caminho da estrada vicinal que leva até Santa Maria do Herval, vem se afirmando como um local peculiar que reúne alguns atelieres de arte, reconhecidos por um público seleto e exigente.

O Parque das Serpentes expõe a força criativa de Cláudia Sperb. Neste local descobrimos um mundo à parte de arte ao ar-livre. Os trabalhos contam também com a colaboração eventual de outros artistas e interessados em arte. Passear no local é desbravar diferentes dimensões e tempos explorados pela artista: uma obra intimista que é revelada num passeio sobre rendados de mosaico com surpresas no caminho. Este mergulho na arte nos leva até o cume de um penhasco onde somos coroados com uma visão sublime da Natureza.

Hoje o local conta com diversas peças de arte dispostas ao ar-livre, uma estrutura de ateliê, uma pequena biblioteca e uma pinacoteca. Há também um “borboletário” com coleção de peças de arte e uma loja. Na estrutura da hospedagem, há uma cozinha com espaço para refeições e algumas suítes. No centro do terreno está localizada a casa da artista. Há uma curiosa carcaça de um fusca, à espera do toque da artista, mas que hoje já é a principal atração das crianças que visitam o local.

O Parque das Serpentes inova ao unir hospedagem e imersão em arte, apontando para um futuro promissor.

A aproximacão com a turma de projeto da Faculdade inspirará idéias para a artista seguir na concretização de seu sonho. Um desafio grande foi lançado aos estudantes. Neste blog está apresentado o resultado deste semestre de estudos e propostas para o local.

Marcelo Gotuzzo